sexta-feira, 17 de maio de 2013

Mercedes Sosa

* Tucumán, Argentina – 9 de julho de 1935 d.C
+ Buenos Aires, Argentina – 4 de outubro de 2009 d.C
(…) Cantando al sol,
como la cigarra,
después de un año
bajo la tierra,
igual que sobreviviente
que vuelve de la guerra
A grande cantora da alma latinoamericana, Mercedes Sosa, conhecida como “La Negra“, pelos longos e lisos cabelos negros, morreu hoje em Buenos Aires. Foi uma voz importante quando a região estava sob ditaduras. Sua voz poderosa encantou e politizou toda uma geração. A cantora argentina, de grande apelo popular na América Latina, foi sem dúvidas uma das mais importantes artitas do continente.
PERSONALIDADES - Cantoras - Argentina - MERCEDES SOSA Show em Tele Avivi Israel Foto Pavel Wolberg efe 27 10 2008Mercedes Sosa – Show em Tel Aviv, Israel, 27/10/2008 – Foto:Pavel Wolberg/EFE
Ela sofreu censura e perseguição na década de 70 e seus discos, carregados de crítica social, se converteram em um referencial durante o último governo militar argentino (1976-83). Sosa ainda demonstrou oposição durante os governos militares de diversos países da América do Sul nas décadas de 70 e 80.
Mercedes Sosa está indicada a três prêmios Grammy Latino – álbum do ano, melhor capa e melhor álbum de folclore pelo disco Cantora 1, uma compilação de seus principais sucessos gravadas em duetos com artistas como Caetano Veloso e Shakira.
Descoberta aos quinze anos de idade, cantando numa competição de uma rádio local da cidade natal, quando foi-lhe oferecido um contrato de dois meses. Admirada pelo timbre de contralto, gravou o primeiro disco Canciones con Fundamento, com um perfil de folk argentino. Consagrou-se internacionalmente nos EUA e Europa em 1967, e em 1970, com Ariel Ramirez e Felix Luna, gravando Cantata Sudamericana e Mujeres Argentinas. Gravou um tributo também à chilena Violeta Parra.
PERSONALIDADES - Cantoras - Argentina - MERCEDES SOSAEntrevista em 2008 Costa Rica – Foto Gabriela Téllez/EFE
Sosa interpreta um vasto repertório, gravando canções de vários estilos. Atua freqüentemente com muitos músicos argentinos como León Gieco, Charly García, Antonio Tarragó Ros, Rodolfo Mederos e Fito Páez, e outros latino-americanos como Milton Nascimento, Fagner e Silvio Rodríguez.
É também uma conhecida ativista política de esquerda, foi peronista na juventude. Em tempos mais recentes manifestou-se como forte opositora da figura de Carlos Menem e apoiou a eleição do ex-presidente Néstor Kirchner.
PERSONALIDADES - Cantoras - Argentina - MERCEDES SOSA com a Presidente da Argentina Cristina Kirchner Foto Ian Sales EFE 2007Mercedes Sosa co a Presidente da Argentina Cristina Kirchner – Foto Ian Sales/EFE 2007
A preocupação sócio-política refletiu-se no repertório interpretado, tornando-se uma das grandes expoentes da Nueva Canción, um movimento musical latino-americano da década de 60, com raízes africanas, cubanas, andinas e espanholas. No Brasil, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, entre outros artistas, são expressões da Nueva Canción, marcada por uma ideologia de rechaço ao que entendiam como imperialismo norte-americano, consumismo e desigualdade social.
Possui um dueto (“So le piedo a Dios“) com a consagrada cantora de Samba Beth Carvalho, cada uma cantando no seu idioma.
Destacamos também o dueto dela com o cantor cearense Fagner na música Años, sucesso gravado em 1981.
Uma musica muito conhecida na sua firme e, ao mesmo tempo, terna voz é a canção “Gracias a la vida”.
Mercedes Sosa canta Gracias a la Vida – Composição de Violeta Parra
Por volta da década de 1970, ela foi reconhecida como uma das cantoras que impulsionou o Movimento do Novo Cancioneiro, que tinha inspiração social e incorporava nas músicas críticas aos governos ditatoriais da América Latina.
A proximidade da cantora com movimentos comunistas e o apoio a partidos de esquerda atraiu a atenção e a censura do governo argentino e, em 1979 – um ano após ficar viúva do segundo marido -, Sosa foi presa juntamente com um público de aproximadamente 200 estudantes durante uma apresentação na cidade de La Plata.
“Eu lembro quando me levaram presa”, disse Sosa no final de 2007. “Eu estava cantando para universitários que estavam no último ano de Veterinária. Não era político”. Ela foi libertada 18 horas depois, após o pagamento de fiança e devido à pressão internacional, mas foi obrigada a deixar a Argentina. “Eu sabia que teria de sair. Estava sendo ameaçada pela AAA (o esquadrão da morte Aliança Anticomunista Argentina). As pessoas da marinha, do serviço secreto estavam me seguindo.”
Sosa viajou para a Espanha e depois para a França. O diretor musical da cantora, Popi Spatocco, disse que o exílio foi excessivamente difícil para uma mulher que amava a Argentina. Sosa voltou para casa apenas em 1982, nos meses finais do regime ditatorial.
No ano seguinte, ela lançou o álbum “Mercedes Sosa”, que contém alguns de seus maiores sucessos: “Un Son para Portinari”, “Maria Maria” e “Inconsciente Colectivo”, de Charly Garcia; “La Maza” e “Unicornio”, de Silvio Rodriguez; “Corazón Maldito”, de Violeta Parra; e “Me Yoy pa’l Mollar”, em parceria com Margarita Palacios.
Sosa teve três de seus discos considerados os melhores álbuns de Folk na premiação da Grammy Latino – “Misa Criolla”, em 2000, “Acustico”, em 2003, e “Corazón Libre”, em 2006. Ela também atuou em filmes como “El Santo de la Espada”, sobre o herói da independência argentina, José de San Martin. A cantora gravou mais de 70 discos, sendo o mais recente um álbum duplo.
A cerimônia fúnebre – do G1Marina Guimarães, da Agência Estado
Corpo de Mercedes Sosa é cremado e Argentina se despede
Corpo de ‘Negra’ foi retirado do Congresso Nacional e cremado no Cemitério de Chacarita, em Buenos Aires
Mercedes Sosa, Fãs cantam durante funeralGrupo de pessoas canta em homenagem à artista durante o cortejo fúnebre. Foto Leo La Valle/EFE
Entre lágrimas e cantos o povo argentino se despediu da cantora Mercedes Sosa, nesta segunda-feira. O corpo da “Negra”, como é carinhosamente chamada pelos fãs, foi retirado do Congresso Nacional, onde foi velado desde domingo, e levado ao Cemitério de Chacarita.
As cinzas serão divididas entre sua província natal – Tucumán -, Mendoza e Buenos Aires. Emocionados, os fãs despedem-se da artista amada por toda a América Latina.
Fabián Matus, filho de “Negra”, recebeu mensagens solidárias de presidentes de vários países, como Israel, Espanha, Itália, Brasil e outros. Aos 74 anos, Mercedes Sosa, a cantora de folclore “mais roqueira” da Argentina, como definiu um dos ícones do rock local, Charly Garcia, recebeu o último adeus de inúmeras personalidades, entre elas o ex-astro de futebol Diego Armando Maradona, o técnico da seleção nacional. “Morreu uma das melhores do mundo; cantando não vai haver outra como ela; cantava com uma liberdade que ninguém tem nem neste país, nem no mundo”, disse Maradona.
A presidente Cristina Kirchner também foi ao Congresso despedir-se da artista. O governo decretou luto nacional por três dias e destacou que Mercedes “esteve sempre de mãos dadas com um forte compromisso social”.
O decreto ressalta seu “espírito solidário”, “honestidade intelectual”, “compromisso artístico e social e a ferrenha defesa dos direitos humanos e das causas justas”. O texto ainda recorda que “esse compromisso social lhe causaria na década de 70 a perseguição da ditadura, a prisão e o exílio, produzindo-se seu retorno ao país no ano de 1982″.
Opinião de um fã:
Raymundo Luiz Lopes
“Os da minha geração e fãs da artista, que não aceitaram, como eu, os regimes facistas/ditatoriais devem estar lamentando a morte da cantora argentina Mercedes Sosa. Uma figura brilhante do mundo musical latino-americano e exemplar na defesa dos direitos humanos, conhecida como ‘a voz de uma maioria silenciosa. Através de sua excelente performance artística, expressão notável da música ‘folk’, Sosa, no palco, nas praças, onde estivesse, espraiava seu canto solidário em defesa dos mais pobres e pela liberdade política do povo. A sua interpretação de ‘Gracias a la Vida’, de Violeta Parra, foi, para nós, a partir dos anos 70 (tempos de chumbo), um hino de beleza, de (e)ternas paixões e de estímulo aos ideais da Vida, pela Vida, para a Vida. ‘La Negra’, a lenda, INESQUECÍVEL!!!!!!.”
Discografia
* La voz de la zafra (1962)
* Canciones con fundamento (1965)
* Yo no canto por cantar (1966)
* Hermano (1966)
* Para cantarle a mi gente (1967)
* Con sabor a Mercedes Sosa (1968)
* Mujeres argentinas (1969)
* Navidad con Mercedes Sosa (1970)
* El grito de la tierra (1970)
* Homenaje a Violeta Parra (1971)
* Hasta la victoria (1972)
* Cantata Sudamericana (1972)
* Traigo un pueblo en mi voz (1973)
* Niño de mañana (1975)
* A que florezca mi pueblo (1975)
* La mamancy (1976)
* En dirección del viento (1976)
* O cio da terra (1977)
* Mercedes Sosa interpreta a Atahualpa Yupanqui (1977)
* Si se calla el cantor (1977)
* Serenata para la tierra de uno (1979)
* A quién doy (1980)
* Gravado ao vivo no Brasil (1980)
* Mercedes Sosa en Argentina (1982)
* Mercedes Sosa (1983)
* Como un pájaro libre (1983)
* Recital (1983)
* ¿Será posible el sur? (1984)
* Vengo a ofrecer mi corazón (1985)
* Corazón Americano (1985) (con Milton Nascimento & León Gieco)
* Mercedes Sosa ´86 (1986)
* Mercedes Sosa ´87 (1987)
* Gracias a la vida (1987)
* Amigos míos (1988)
* En vivo en Europa (1990)
* De mí (1991)
* 30 años (1993)
* Sino (1993)
* Gestos de amor (1994)
* Oro (1995)
* Escondido en mi país (1996)
* Alta fidelidad (1997) (con Charly García)
* Al despertar (1998)
* Misa Criolla (2000)
* Acústico (2002)
* Argentina quiere cantar (2003) (con Víctor Heredia & León Gieco)
* Corazón Libre (2005)
Filmografia
* Güemes, la tierra en armas (1971)
* Argentinísima (1972)
* Ésta es mi Argentina (1974)
* Mercedes Sosa, como un pájaro libre (1983)
* Será posible el sur: Mercedes Sosa (1985)
* Historias de Argentina en Vivo (2001)
Em velório no Congresso argentino, fãs se despedem de Mercedes Sosa
PERSONALIDADES - Cantoras - Argentina - MERCEDES SOSA Velório
Fãs de Mercedes Sosa se mobilizaram neste domingo (4) para se despedir da cantora, que morreu em Buenos Aires, aos 74 anos, em consequência de uma doença hepática complicada por problemas respiratórios.
O corpo foi velado no Congresso argentino e muitos admirados levaram flores e foram fazer sua última homenagem a uma das intérpretes mais conhecidas da música regional latino-americana, e uma das artistas mais famosas na Argentina depois de Carlos Gardel e Astor Piazzolla.
Ela havia sido internada em 18 de setembro, depois de ter sofrido uma complicação renal, mas seu estado piorou nos últimos dias por causa de uma falha cardiorrespiratória.

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